No período que chega ao final de mais um ano letivo universitário (2023/2024), voltam a emergir as histórias de assédio nas universidades angolanas. O tema dos assédios a muitos anos assombra a classe acadêmica do país, mais fica entre os corredores das instituições, por conta do medo de represálias que as vitimas tendem a sofrer quando começam a falar ou a denunciar os casos, tendo sido criado no seio dos acadêmicos a narrativa dos “protegidos”, pelo fato de muitas vezes a vítima ser punida e o abusador ficar impune, ainda com o privilégio de continuar as suas ações, investido de mais “poderes”.
A mesma narrativa subintendida dos “protegidos” chega ao ponto de transformar o assédio em um “NÃO ASSUNTO” ou que se evitava abordar de forma clara e precisa dentro das universidades, com maior incidência na Capital Luanda, apontaram 80% dos estudantes e funcionários que a Rádio FP entrevistou em torno dos assédios dentro das instituições de ensino superior público e privado.
Os avisos revelam que por conta da proteção notável a favor do abusador, que leva os quase 100% dos casos ou tentativas de denúncias a não terem pernas para andar, a vida estudantil de muitos estudantes tem sido um martírio, e para evitar as situações penosas, os estudantes chegam a desistir dos estudos ou a faltar em certos dias, para manter distância do opressor ou de um outro funcionário administrativo, situação que prejudica o desempenho acadêmico do estudante.
Localizado no Morro Bento – Luanda, a Universidade Independente de Angola, que configura a lista das universidades mais importantes em África, ocupando a 30º posição no continente e a 4ª posição em Angola, segundo o Ranking da Uniranking e da Universityguru, é das mais visadas quanto ao problema do assédio.
Questionamos aos jovens dos 18 aos 35 anos de idade em frequência universitária: Qual é a universidade com mais assédio no país? Em resposta, 70% apontaram para a Universidade Independente de Angola, tendo sido a segunda mais visada, a Universidade Lusíadas de Angola, localizada na província de Luanda, Rua 1º congresso do MPLA, Bairro da Mutamba.
O assédio apontado no inquérito é assim distribuído por percentagens: 50% atribuído à postura intimidatória dos professores e das instituições com os alunos, 20% de assédio sexual de professores contra alunos, 20% de assédio sexual de alunos contra professores, 10% de assédio sexual de alunos para alunos.
A extensão da Universidade Lusíadas na província de Cabinda, foi recentemente acusada pela comunidade através do portal Cabinda Buala Buito, de enfrentamento dos casos de assédio, com denúncias de estudantes que apontam a instituição como protetora dos assediadores, que se mostram intocáveis.
“Estamos cansados com os homens no Instituto Superior Politécnico Lusíadas de Cabinda. É assim: Temos docentes mal preparados com debilidades a vista de todos, arrogantes e que passam a vida a perseguir estudantes que apresentam qualquer reclamação sobre o docente quando são mal avaliados, os estudantes fazem provas, mas as notas não aparecem, os docentes são tão independente que fazem o que querem e nós somos sempre os culpados “disse um dos estudantes.
“Tem colegas que acabam por reprovar, porque não se conformam com a chantagem do docente. Onde já se viu, docentes condicionam a passagem na cadeira com a satisfação do seu apetite sexual e outros cobram dinheiro?” Questionou outro estudante que, por medo das represálias, optou pelo anonimato.
“Estamos cansados, a Lusíadas em Cabinda deixou de ser um instituto superior prudente, pela má qualidade e formação dos que são admitidos como professores, sem carácter, que passam a exibir-se dos diplomas que têm, mas na verdade são fracos, não demonstram nada conforme falam e tem professores que mandam todos os estudantes no recurso sem razão, ainda por cima, por mais bom que seja, a tua nota é sempre abaixo de doze ou onze, já a direcção só se preocupa em fazer subir as próprias, professores que perseguem os estudantes que cobram dinheiro, não querem saber “apontou mais um estudante.
“Hoje em dia, muitas das chamadas de poderosas nem fazem provas, porque pagam e há um esquema onde pagam 800 mil kwanzas e passa de ano. Lusíadas em Cabinda já era, docentes que copiam toda matéria no Google e ainda por cima são arrogantes”.
Os assédios nas universidades acima citadas, segundo as nossas fontes, não obedecem aos limites, desde o assédio sexual, moral, humilhações aos alunos e funcionários de base, convergentes em quadros graves de abuso de poder, falta de ética e respeito às normas das instituições.
Para contraditório, a Rádio FP, está a tentar contacto com as universidades citadas.
JES | EDITOR FP