A Rádio FP constatou a situação precária de fome e pobreza em que vivem diversas famílias em Cabinda, (Enclave) no norte de Angola, a condição de precariedade que vivem as famílias na província é motivada pelos preços altos da cesta básica e o índice elevado de desemprego , o que chega a condicionar as famílias na hora de fazer uma refeição ao dia, quando se pode fazer, diz a grande maioria com quem podemos conversar.
"Muitas famílias aqui no bairro Lombo-Lombo, são obrigadas a decidir qual refeição fazer no dia, entre o Pequeno-almoço, Almoço e o Jantar, é muito difícil sobreviver aqui em Cabinda, hoje muitos de nós, pelas dificuldades para comprar um pouco de açúcar, deixamos de tomar um chá, o copo de açúcar na praça custa Kzs 400 e muitos de nós, não temos mais condições para comprar o adoçante" declarou uma moradora do bairro.
A mesma solteira e mãe de 4 filhos, avançadau que pela falta de condições de suportar o alto preço da cesta básica, muitas famílias em Cabinda, estão a alimentar-se apenas de folhas verdes, colhidas da Mandioqueira (Sacafolha), e como acompanhante, a Chicuanga e a Maiaca, também produzidas com a técnica de fervura da raiz da mesma planta.
A moradora referiu ainda que apesar de a sacafolha ser um prato típico do antigo reino do Congo, onde englobavam os dois Congos e as províncias do Zaire, Uíge e Cabinda (Angola), a forma como hoje é confeccionado o alimento, fica muito aquém do habitual, já que outros ingredientes devem ser acrescentados, entre a mistura de peixe, feijão e banana verde.
Uma ronda por nós realizada aos mercados informais "Praças" em Cabinda, não foi difícil perceber o motivo da aflição das famílias:
Um copo do tipo Reco-reco de arroz, custo entre Kzs 300 a 350, dois peixinhos custam entre Kzs 500 a 700, o óleo vegetal vendido em pequenas saquetas, custa entre Kzs 100 a 150, dois tomates bem pequenos, custam entre Kzs 100 a 200, uma perna de frango (Coxa), custa entre Kzs 700 a 1.000, esses preços dos produtos vendidos a varejo, na condição atual das famílias, chegam a ser muito altos, tendo em conta as dificuldades em ter dinheiro na província, principalmente para a grande maioria que sobrevive do informal com pequenos “biscatos” que podem ou não aparecem durante o mês.
Perguntamos às nossas fontes qual seria o bairro mais pobre da província, todos foram unânimes em dizer que não existem bairros pobres em Cabinda, existem pessoas muito pobres e estas estão em todos os bairros, municípios, comunas e aldeias dentro do enclave ao norte do estado angolano.
As famílias que podemos ouvir nos bairros
de Cabinda, revelaram que com a perda do poder de compra, hoje é raro comprar
comida a grosso, como era feito até 2018, hoje, apenas comem aquilo que plantam
nos quintais ou podem pedir e receber da casa ao lado e comprar na praça quando
conseguem algum trocado, situação precária que se agravou nos últimos Sete (07)
anos, depois de ter começado um processo de despedimentos em massa e reformas
forçadas nas petrolíferas que são a maior empregadora na região norte do país,
tem sido uma angústia na vida da população residente na província.
Os moradores questionam as razões de ser
tão alto o preço da cesta básica em Cabinda, tendo em conta, que o estado
angolano, por conta do regime especial da província, para ter os preços mais
baixos possíveis, reduziu a taxa do IVA para 1%, regime tributário especial que
beneficia as empresas domiciliadas na província de Cabinda, sendo a taxa mais baixa
de todo o país.
Outro problema que a Rádio FP constatou no
Enclave Angolano (Cabinda), é o crescimento dos trabalhos precários e a
exploração de menores. Lá, os menores com idades compreendidas dos Cinco (05)
aos Catorze (4) anos, são vistos por todos os lados da província com referência
ao mercado informal, onde fazem de tudo para levar a casa, qualquer coisa que
ajude na alimentação da família.
JES | EDITOR FP