Vítima de doença prolongada, em Luanda, capital de Angola, morreu na madrugada do dia 24 de Fevereiro de 2024, o jornalista angolano, Felisberto Felipe, antigo director da Rádio Unia e repórter dos serviços informativos da Tv Zimbo.
Felisberto Felipe, o FF como conhecido na vida entre os colegas, amigos e pessoas próximas, virou noticia no segundo trimestre do ano 2023, quando surgiu em um vídeo nas redes sociais onde dava rosto a uma campanha de coleta de fundos para si, com fim único de ter o tratamento médico no exterior do país, face ao agravamento do seu quadro clínico em Angola depois de dois (2) AVCS seguidos, no vídeo que viralizou nas redes sociais, FF que era também conhecido pelo seu porte físico “Esbelto”, aparecia totalmente debilitada, com toda a estrutura óssea a vista, imagem chocante que criou repulsa nas pessoas por não acreditarem que no vídeo estaria o jornalista Felisberto Felipe, que chegou ao óbito hoje.
Jorge Mendes Manuel, jornalista e chefe de redação da Rádio Despertar, morreu no começo de Fevereiro do ano 2024, igualmente, por um óbito vítima de doença prolongada, meses depois de ter surgido informações de passar por necessidades financeiras que impedem cuidar da sua saúde, que inspirava cuidados, cuidados estes que não receberam até a data infeliz de sua morte prematura.
“FELISBERTO FELIPE E JORGE MENDES MANUEL, DOIS JORNALISTAS MÁRTIRES ENTRE MUITOS DE UMA CLASSE MISERÁVEL EM ANGOLA”.
É extensa a lista de jornalistas que nos últimos cinco (5) anos, morreram por falta de condições financeiras para suprir as necessidades do tratamento de uma enfermidade dentro e fora de Angola, a lista é composta de jornalistas não ativos e reformados, e todos antes de irem ao óbito, viram-se obrigados a viverem na condição de mendicidade, uns chegaram a não ter o que comer.
A morte de profissionais jornalistas em condição de mendicidade tem assustado a nova vaga de jornalistas, formados nas universidades do país (Angola), estes, grande maioria por nós entrevistados, já perspectiva de abandonar a profissão antes dos primeiros 12 meses contados na carreira.
O jovem jornalista CI, recém-formado pela universidade Independente de Angola na capital Luanda, está séptico em continuar na carreira de jornalista e disse que tem hoje maior entendimento de uma classe que durante quatro (4) anos desejou contribuir e ao acompanhar a situação penosa de jornalistas seniores, pensa em seguir outro caminho, pois teme pelo seu futuro.
“TENHO RECEIOS DE CONTINUAR NA CLASSE, PENSO QUE SE UM JORNALISTA COM A ESTRADA DO FF MORREU POR FALTA DE APOIOS DAS INSTITUIÇÕES E ENTIDADES QUE REGEM A CLASSE OU MESMO PRECISOU FICAR COM AS MÃOS ESTENDIDAS, OS NOVOS TÊM AINDA MENOS OPORTUNIDADES DE SOBREVIVER EXERCENDO A PROFISSÃO DE JORNALISTA”, DISSE CEFAS ISAÍAS, QUE TAMBÉM APONTOU O DEDO A RESPONSABILIDADE QUE DEVIA SER DO SINDICA DOS JORNALISTAS ANGOLANOS (SJA) E DA COMISSÃO DE CARTEIRA E ÉTICA (CCE).
ZB, outro jovem recém-formado em jornalismo pelas universidades angolanas, vai mais longe ao afirmar que pouco ou nada acredita nas instituições que regem a comunicação social (Jornalismo) em Angola, pela postura distante em torno dos problemas dos jornalistas que duram décadas se repetem como um pesadelo para os profissionais jornalistas da velha e da nova vaga.
“SE QUISESSEM FAZER ALGUMA COISA PELA CLASSE, PODIAM CRIAR UM FUNDO COMO EXEMPLO TEM A CAIXA SOCIAL DA POLÍCIA NACIONAL, ESTE SERIA O PRIMEIRO PASSO CASO FOSSE INTENSÃO MELHORAR A CONDIÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DA CLASSE” FINALIZOU O JOVEM JORNALISTA, ZEFERINO BERNESE.
A condição de mendicidade imposta aos jornalistas angolanos desde a independência do país em 1975, agudizam mais com os treinamentos abaixo de Cem Mil Kwanzas (Kzs 100.000,00) paga a grande maioria dos jornalistas no exercício em todo o território angolano, num contexto em que a O aumento é um dos grandes problemas do país, agravado com a alta dos preços da cesta básica no mercado formal e informal.
Para tentar minimizar a situação de pobreza, alguns jornalistas com alguma sorte, fornecem uma renda extra como correspondente dos órgãos internacionais com interesse em Angola, obedecendo a rédea curta como levam as proibições da comissão de carteira e ética de Angola, desde 2020.
Osvaldo Manuel, jornalista a cerca de quinze (15) anos, tem como opinião que os jornalistas da nova e da antiga vaga, devem seguir o caminho de poucos que hoje optaram por trabalhar em duas (2) profissões ou mesmo empreender, mesmo que se Arrisque a deixar o jornalismo para o segundo plano.
“SE O JORNALISTA NÃO EMPREENDER, COM TODA A CERTEZA NÃO VAI SOBREVIVER E O FINAL É TER UMA VIDA COMO MENDIGO” DECLAROU OSVALDO MANUEL AO FP.
Adérito de Jesus, é outro jornalista da classe intermediária, que não acredita que o profissional em Angola, possa viver apenas da profissão e defender o melhor posicionamento dos jornalistas no sentido de buscarem por fontes de rendimento alternativas.
“Tenho sim, uma perspectiva, na medida que o jornalismo é uma profissão de elite, mas que na nossa realidade africana, em particular angolana, tem sido tomada de assalto pelo poder político em prol do poder social que eventualmente ousam apossa e é importante que nos capacitamos em outras vertentes da vida social ou econômica, termos um espírito empreendedor com vista a diversificarmos a nossa fonte de renda, a constituição da República é a lei magna, e não limita ninguém quanto ao princípio da livre iniciativa privada".
Segundo a carta magna da República de Angola, todo cidadão tem o direito da livre iniciativa privada”.
JES | Editor FP
A matéria está boa força
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